28 setembro 2023

O valor da pessoa e as redes de proteção

Alegria e paz!

A pessoa humana é dotada de uma dignidade inviolável e inafastável, cujo fundamento é o próprio fato de ser pessoa, ou seja, a dignidade da pessoa humana não vem de fora; não nasce por causa de uma lei ou de uma filosofia; não se limita a uma fé religiosa. A dignidade, isto é, o valor natural e inseparável de cada pessoa, existe a partir do instante que a pessoa é concebida.

A clareza de que a pessoa tem uma dignidade intocável deve ser o ponto de partida para as interpretações sobre a vida e sobre a sociedade, de tal forma que sempre se pregunte: esta situação fere a dignidade da pessoa humana? Esta decisão – individual, comunitária, social, governamental – coloca em risco ou gera prejuízos irreparáveis ou de difícil reparação para uma pessoa ou para um grupo de pessoas? Toda vez que a resposta for sim para estas e outras perguntas semelhantes, vale a pena auto avaliar ou avaliar os pensamentos, sentimentos e ações.

A dignidade da pessoa, todavia, não é apenas um discurso teórico ou um princípio abstrato a ser usado em discursos ou textos reflexivos, ao contrário, a dignidade humana deve ser garantida nas situações concretas da vida cotidiana; deve ser assegurada na efetivação dos direitos de cada pessoa, de cada indivíduo. Não tem sentido reconhecer a dignidade da pessoa humana nas declarações jurídicas, filosóficas e teológicas e deixá-la perecer na vida das pessoas, pois é exatamente aí, na vida de cada ser humano, que sobrevive ou morre a dignidade humana.

A preservação e a valorização da dignidade humana acontecem, de forma mais eficiente, quando as redes de relações sociais compreendem seu papel e se tornam territórios favoráveis ao desenvolvimento integral da pessoa. Redes de proteção saudáveis e honestas representam ambiente fértil para o cultivo da dignidade humana e mecanismos de fiscalização que coíbem as ameaças.

A primeira rede social importante é a família. A família precisa ter as condições necessárias para fazer com que seus membros – desde quem está na vida intrauterina até os que estão na velhice – sejam respeitados como pessoas, sintam a força do amor que os une e tenham as condições materiais, emocionais e espirituais para o crescimento e o bem viver. A família precisa cultivar práticas que estimulem respeito e valorização de cada membro.

A segunda rede importante é a comunidade. O ser humano que tem laços comunitários possui maiores condições de realização como pessoa. A comunidade é o espaço onde as pessoas experimentam o sentimento de pertença a um grupo maior que a família e descobrem que suas angústias e dores, suas alegrias e tristezas são comuns a mais pessoas; na comunidade nasce o espírito de solidariedade, de voluntariado, de partilha; nascem os laços que fortalecem para os desafios da vida.

A terceira rede é a escola, território da educação formal que deve preparar para a vida adulta, para a convivência social equilibrada e para o mercado de trabalho. A escola deve cuidar para que seus processos jamais sejam excludentes; deve se levantar contra os privilégios que perpetuam as desigualdades. A escola deve estimular a criatividade e o respeito à diversidade; deve garantir que alunas e alunos tenham as condições necessárias para serem aquilo que são e para que se desenvolvam na direção que sonharam.

Pessoas respeitadas e empoderadas na família, na comunidade e na escola se tornam mais conscientes de seus papeis na sociedade – quarta rede de relações sociais. Uma sociedade é tão melhor e mais justa quanto mais consegue desenvolver compromisso com a dignidade de cada pessoa.



* Diácono Permanente da Diocese de Governador Valadares/MG, Professor, Advogado.

joselucianoprofessor@gmail.com

Humanidade: um valor incontestável

Alegria e paz!

O conceito de humanidade é um dos mais importantes produtos que a racionalidade já construiu, pois, por intermédio deste conceito se criou a compreensão de que a pessoa humana tem um valor inerente, intrínseco, logo, o exercício de direitos e deveres próprios do ser humano não precisa buscar fundamentos fora da natureza, devendo ser, pelo menos do ponto de vista lógico, de reconhecimento imediato.

Considerar a humanidade como valor, entre outras coisas, cria compromisso com duas atitudes: 1) agir considerando que nenhuma pessoa pode ser instrumentalizada para alcance de quaisquer finalidades; 2) considerar que cada pessoa é única, portanto, deve ser respeitada e tratada a partir de sua singularidade.

Cada pessoa carrega dentro de si a essência da humanidade. As contingências da vida sociocultural (condição econômica, grau de escolaridade, crença religiosa, orientação sexual etc.) ou as marcas biotípicas (altura, peso, cor, da pele, tipo do cabelo etc.), jamais podem servir de justificativa ou desculpa para que alguém seja tratado com esvaziamento de sua humanidade ou instrumentalizado para alcance de quaisquer objetivos.

Nenhum ser humano é escada para que alguém suba e chegue nalgum lugar; não é objeto para ser usado em favor de prazer unilateral; não é fonte de energia (bateria) a ser explorada para produzir lucro; não é massa para ser manobrada política, ideológica ou religiosamente em favor dos interesses de instituições ou grupos. Compreender que a humanidade inteira pulsa dentro de cada ser humano é comprometer-se a não compactuar com todas as formas de instrumentalização das pessoas.

A instrumentalização do ser humano é sempre imoral e vergonhosa. Inaceitável e eticamente escandalosa, pois transforma em meio, um ser que nasceu para ser fim. O humano é fim em si mesmo. Sua realização (felicidade em todas as dimensões do existir) deve ser o fim a ser perseguido. Deve ser a meta almejada e passível de ser alcançada.

O reconhecimento da humanidade de cada pessoa leva a outro compromisso: perceber e respeitar cada ser humano como único. Nenhuma pessoa é igual a outra; cada pessoa, dotada da essência da humanidade, é absolutamente ímpar, logo, não é lógico, não é racional, não é sinal de inteligência esperar que os comportamentos individuais, os desejos, os sonhos, a forma de pensar, crer e sentir sejam idênticos.

A imposição de padronização, especialmente quando viola ou violenta a especificidade de cada ser, é desumanizante, ou seja, fere a humanidade que pulsa no indivíduo. Cada pessoa goza do direito de buscar sua realização a partir de suas características; cada pessoa precisa ter as condições necessárias (oportunidades reais) para se desenvolver a partir daquilo que julgar o melhor para si, sem ser decotada em sua humanidade porque não se enquadra em padrões. O respeito à humanidade de cada pessoa se materializa na aceitação da particularidade que individualiza e identifica cada ser humano como único.

Os avanços e desenvolvimentos; as teorias e interpretações, que ignoram a humanidade latente em todos e em cada ser humano, é duvidosa, portanto, busquemos os caminhos de aperfeiçoamento que não instrumentalizam as pessoas e que respeitem as características de cada ser humano.



* Diácono Permanente da Diocese de Governador Valadares/MG, Professor, Advogado.

joselucianoprofessor@gmail.com

07 julho 2023

Como colher paz se você semeia aflição!

Oi! Tudo bem com você?

Vivemos tempos difíceis! Tempos sombrios! Os discursos de ódio crescem e o estímulo à violência ganha força e adeptos explícitos. A ideia de que a força deve se sobrepor ao diálogo tenta se naturalizar e a empatia denota fraqueza. Sacar primeiro a arma que agride e derruba o outro é sinal de orgulho e heroísmo, ainda que esta arma seja uma fala mentirosa e não uma pistola, fuzil ou uma granada.

A história registra outros momentos semelhantes a este. Momentos nos quais a barbárie subiu no podium para ser ovacionada, aplaudida e premiada com o troféu da irracionalidade. Não é a primeira vez que a arrogância tomou o lugar da sensibilidade e que a obscuridade, gerada pelo culto à ignorância, usurpou o lugar da civilidade e do bom senso. Como um pêndulo, a história volta a territórios já conhecidos e colhe os péssimos frutos da aflição.

Na base destes momentos trágicos há, entre outras, duas coisas que merecem atenção: a convicção, cultivada por alguns, de serem melhores que as outras pessoas; a confiança cega em um “líder” que cultiva e cultua ideais paranoicos.

O primeiro sintoma de tragédia aparece com a certeza de que uma parcela da humanidade é melhor que a humanidade inteira; que uma elite é dotada de superioridade cognitiva ou genética; que um grupo possui conhecimentos privilegiados, enquanto a população em geral é desprovida destes conhecimentos. É trágico: um pequeno grupo acredita que tem o direito de massacrar, com armas inclusive, quem pensa, crê, sente e vive de forma diferente de seu padrão, mesmo que seja o padrão tradicional. Esta convicção fere um princípio elementar, porém estrutural: na essência todas as pessoas são iguais, portanto, tudo o que nega esta igualdade precisa gerar desconfiança.

O segundo problema é a cegueira que surge quando as pessoas passam a confiar irracionalmente em um líder, principalmente quando este líder é adepto e propagandista de teses conspiracionistas e negacionistas. A lâmpada da cautela precisa acender em nossa mente quando nos dizem que tem alguém querendo destruir a sociedade e que o líder é o salvador da pátria. É preciso nos vacinarmos contra a manipulação de narrativas religiosas, morais e patrióticas a serviço da divisão da sociedade; é preciso fugir da mentira que cria inimigos imaginários, causando medo e ódio.

As duas tragédias – considerar-se melhor que os outros e confiar cegamente em um líder-mito – se escondem por trás de discursos aparentemente bons e saudáveis, embora revelem o pior lado humano. São propostas que parecem a coisa certa, por virem revestidas de religiosidade, moralidade e aparência de bem, mas semeiam o ódio, o medo e a aflição, portanto, jamais produzem os frutos da paz.

Por fim, é preciso lembrar que cada um de nós tem livre-arbítrio para escolher se apegar aos sintomas de tragédia indicados acima ou se vacinar contra eles. Será que aquelas formas de pensar nos representam de verdade ou estamos sendo vítimas de algum tipo de manipulação? É importante fazermos uma autocrítica séria e honesta para não sermos sementes de aflição, enquanto esperamos a colheita da paz.

O que você pode fazer hoje para lançar, no solo da história, sementes de paz e não de aflição?




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